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OLHAR PARA VER - MANEIRISMO E MODERNISMO DO GRUPO SANTA HELENA - 9º ANOS - 1ºBIMESTRE

 

OLHAR PARA VER -  9º ANOS

"Quando nos dispomos a apreciar uma obra de arte, abrimos a possibilidade de ver o que nela está invisível para muitos olhares apressados". 





O que é uma obra de arte?


Uma obra de arte é resultado de um trabalho sensível, técnico e intelectual que envolve o estímulo para a criação e a elaboração da melhor forma de comunicar-se
artisticamente na construção de uma linguagem composta por símbolos.

A Última Ceia - Leonardo da Vinci (1495-1497)
Estimulada por um mesmo tema, cada pessoa criadora pode utilizar-se dos mesmos elementos estruturais da linguagem artística, elaborando produções diferentes.

Uma composição visual é a relação entre a superfície, o espaço, o volume, as linhas, as texturas, as cores e a luz. Cada um desses elementos possui suas próprias condições expressivas e de significados, tanto em si mesmo como em relação aos demais.

Cada resultado é a presença de uma das possibilidades da tradução do pensamento e sentimento do artista em relação a um fenômeno. Por isso, o projeto de uma composição visual é muito importante. 


É no projeto da composição que se sinalizam a proporção, o equilíbrio e o estudo de cores e outros elementos compositivos e expressivos que compõem um todo.

A última ceia - Tintoretto (1592)

Observe  obra a "Última Ceia" de Tintoretto(esquerda) e compare com a de Leonardo da Vinci(acima). Dá uma demonstração instrutiva sobre como o estilo artístico moveu-se durante o Renascimento para o período artístico denominado Maneirismo.  Na obra de Da Vinci, a disciplina se irradia de Cristo em simetria matemática. Nas mãos de Tintoretto, o mesmo evento é dramaticamente distorcido, enquanto as figuras humanas são elevadas pela erupção do espírito humano. Pelo dinamismo de sua composição, seu uso dramático da luz e seus efeitos de perspectiva.


Maneirismo

Após o Alto Renascimento, até a chegada do Rococó houve um período de 70 anos, de crise criativa e que deu origem a várias tendências que revitalizavam entre si, e não a um ideal dominante.O termo maneirismo deriva da palavra italiana maniera, que significa maneira, e, para esse movimento artístico, significa "artificiais", "esquisitas". A palavra Maneirismo foi adotada na história da arte para classificar, principalmente, um tipo de produção artística pictórica produzida em Roma entre 1515 e 1610.
Tais produções geralmente apresentam imagens complexas com muitas figuras humanas com formas esguias e alongadas  e em posições e movimentos não tão reais. Observe a imagem da pintura de Tintoretto. A Última Ceia (1592-1594) - acima. Óleo sobre tela. 3.65m x 5.69m. San Giorgio Maggiore, Veneza.Tintoretto colocou a cena em um contexto cotidiano, enchendo-a de especuladores recipientes para alimentos e bebidas e animais domésticos. Isso, no entanto, presta-se apenas a estabelecer um contraste dramático entre o natural e o sobrenatural, pois há também espectadores celestiais – a fumaça da ardente lâmpada a  óleo transformou-se milagrosamente, em nuvens de anjos que convergem para Cristo no momento exato em que Ele oferece Seu corpo e sangue, sob a forma de pão e vinho a seus discípulos.
A arte maneirista em geral envolve o exagero e algum tipo de estranhamento, principalmente nas cores fortes, como nos tons ácidos de Laocoonte (abaixo), do pintor nascido em Creta El Greco (Doménikos Theotokópoulos - 1541-1614), que acabou se fixando na Espanha, mas trabalhou algum tempo na Itália.
Laocoonte - El Greco (Óleo sobre tela)
Esta impressionante obra mostra o sacerdote Lacoonte sendo punido pelos deuses, vistos do lado direito da pintura, por tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldaddos gregos. Enviados pelos deuses, serpentes marinhas são vistas matando Lacoonte e seus dois filhos. A fantasmagórica luz branca na obra sugere que a cena é iluminada pelo clarão de um raio, um efeito dramático reforçado pelo branco nas agourentas nuvens ao longe. Há também um quê de fantasia na pintura: as rochas em primeiro plano parecem disformes e imateriais como as nuvens no horizonte; do lado esquerdo da tela, os dois elementos quase se fundem. Em comum com muitas obras maneiristas, esta pintura é extremamente criativa e complexa, mas pode parecer misteriosa aos olhos contemporâneos.
GUERCINO
O pintor Giovanni Francesco Barbieri, conhecido por "Guercino" (estrábico), nasceu em 1591 na cidade de Cento e faleceu em 1666 na cidade de Bolonha.
Autodidata, pertencente à escola bolonhesa, produziu uma abundante obra, de grande qualidade, dedicada na sua maior parte aos temas bíblicos e mitológicos. A sua vida era simples e dedicada à arte “a essa arte que era para ele a expressão de sentimentos sinceros e ardentes, despidos de pretensões intelectuais, e não se preocupando com regras preestabelecidas”
Cena Mitológica (Cronos Admoesta Eros na Presença de Afrodite e Ares). Óleo sobre tela. 1.27m x 173,4 cm.
Com um estilo vigoroso e dramático, apoiado por uma iluminação de contrastes violentos, ele tornou-se  o pintor mais famoso de Bolonha e um dos mais renomados artistas de sua época.
REBOLO

Francisco Rebolo Gonsales – Rebolo - nasceu em 1902, na cidade de São Paulo. Filho de imigrantes espanhóis, ainda criança e enquanto estudante do curso primário, fazia "bicos" na tentativa de diminuir as dificuldades financeiras de sua família. O menino Rebolo caminhava pelas ruas esburacadas do velho bairro do Morumbi, onde morava, numa chácara em companhia de seus pais imigrantes espanhóis que vieram ao Brasil em busca de um futuro melhor, mas viviam aqui a mesma miséria que deixaram do outro lado do Atlântico. Contratado pelo Esporte Clube Corinthians, em 1922 - é dele a criação do símbolo definitivo do clube - Rebolo causava furor em campo, surgindo sempre de surpresa e desnorteando seus adversários, segundo os cronistas da época. No entanto, em 1934, desligou-se definitivamente  do esporte para se dedicar à carreira de pintor. De caráter ativo e empreendedor, participou de importantes eventos e organização de salões de arte, integrando posteriormente o grupo que colaborou com a criação do Museu de Arte Moderna - MAM/SP- e mais tarde, a Bienal. Rebolo, juntamente com outros artistas filhos de imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, fundaram o Grupo Santa Helena - grupo este, posterior à semana de arte moderna de 1922.
Volpi, Rebolo e Zanini eram pintores de parede; Rizzotti, torneiro-mecânico; Bonadei, bordador; Pennacchi, açougueiro; Manoel Martins, aprendiz de ourives e Graciano, ferroviário e ferreiro. Apesar do trabalho duro, eles sempre encontravam um tempo para a própria arte, mesmo que fosse para ficar pintando pelas madrugadas. Por essa dedicação, o escritor, jornalista e crítico Mário de Andrade os chamava de artistas proletários. Eles decidiram se reunir a partir de 1934, mas foi no ano seguinte que o grupo começou a tomar forma. Encontravam-se no ateliê que Rebolo mantinha no antigo número 43 da Praça da Sé, no palacete Santa Helena (demolido em 1971). Depois, resolveram montar os seus próprios ateliês nas salas desse mesmo prédio. Daí o grupo ser batizado de Santa Helena. Bastante conhecido como pintor de paisagens, Rebolo manteve a pesquisa em torno da natureza-morta, de retratos e auto retratos e de cenas urbanas e suburbanas. Morreu em 1980, na capital paulista.
“Na visão de Rebolo, o Santa Helena não começou como um movimento. Foi transformado em movimento pelos intelectuais”, observa Elza Ajzenberg. “O grupo era constituído por artistas que mantinham entre si um forte laço de união e amizade. Também não gostavam dos acadêmicos e queriam a pintura verdadeira que não fosse anedótica ou narrativa.” Ou, como definia Rebolo, queriam a pintura pela pintura. “Eles aproximaram-se espontaneamente uns dos outros, identificados pela origem social, por vivências artísticas ou artesanais.”
A diretora Elza conta que, além do companheirismo, os artistas operários se uniram também no aprendizado. “Eles trocavam informações. Tinham aulas de desenho e se esforçavam para aprender. Esse aprendizado, no entanto, não se compara com a experiência internacional dos primeiros modernistas, residentes em Paris e em outras cidades ou freqüentadores assíduos do ambiente artístico europeu. A formação do grupo Santa Helena realizou-se no próprio ambiente paulistano, com absorção, principalmente, das culturas italiana e francesa.” Morreu em 1980, na capital paulista.
TRAÇANDO IDEIAS

Se nos ocuparmos em percorrer as trilhas da criação artística, verificaremos que até chegar a sua forma definitiva, uma obra de arte passa por um processo de criação, no qual se verificam inusitadas possibilidades de apresentação do tema. Uma obra de arte é resultado de um trabalho sensível, técnico e intelectual que envolve o estímulo para a criação, a elaboração da melhor forma de comunicar-se artisticamente e a construção de uma linguagem composta por símbolos.
Esboço "A criação de Tabitha" - Guercino (1618)
Estimulada por um mesmo tema, cada pessoa criadora pode utilizar-se dos mesmos elementos estruturais da linguagem artística, elaborando produções diferentes.
Se nos ocuparmos em percorrer as trilhas da criação artística, verificaremos que até chegar à sua forma definitiva, uma obra de arte passa por um processo de criação, no qual se verificam inusitadas possibilidades de apresentação do tema.
Uma composição visual é a relação entre superfície, o espaço, o volume, as linhas, as texturas, as cores e a luz. Cada um desses elementos possui suas próprias condições expressivas e de significados, tanto em si mesmo como em relação aos demais.
Esboço de paisagem - Rebolo
Cada resultado é a presença de uma das possibilidades da tradução do pensamento e sentimento do artista em relação a um fenômeno. Por isso, o projeto de uma composição visual é muito importante.
É no projeto da composição que se sinalizam a proporção, o equilíbrio e o estudo de cores e outros elementos compositivos e expressivos que compõem um todo.
Não deixe de rever a vídeo aula: 




Para mais detalhes, reveja também a apresentação no prezi:
https://prezi.com/trrdybqzmdzo/a-arte-de-ver-9o-anos-2a-aula/

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