ARTE NA CARTOGRAFIA - CARTOGRAFIA NA ARTE - 8ºs Anos
Tentando aproximar os dois importantíssimos frutos do engenho humano...
Mapa do Paititi, consultado por pesquisadores internacionais que visitam ruínas incas na América do Sul, guardam história e mistérios do Império Inca. Alguém começa a decifrá-los em Rondônia /WIKIA
A Cartografia reflete as preocupações do homem com o espaço que o cerca – tanto o espaço próximo quanto o espaço distante. Preocupações essas concretas e objetivas, ligadas por exemplo, à segurança e à administração. Sua intenção é o conhecimento e o controle. O artista que trabalha com mapas também tem preocupações com o espaço. Preocupações essas, contudo, mais ligadas à subjetividade e a imponderabilidade dos significados que o espaço pode adquirir na vida das pessoas comuns. Preocupa-se ainda com os significados que os próprios mapas adquirem e com a linguagem cartográfica que está quase sempre subvertendo. Ele sempre acrescenta diferenciações em seus trabalhos cartográficos que exigem outras leituras, além da técnica, que por sua vez, sempre precisarão utilizar outros instrumentos e habilidades além dos técnicos: sensibilidade para perceber a beleza estética, tirocínio para perceber uma crítica social, uma denúncia, uma ironia, um escárnio ou uma homenagem e assim por diante.
Tentando aproximar os dois importantíssimos frutos do engenho humano...
Mapas contam histórias do mundo. Mais precisamente, eles descrevem e representam o espaço que nos rodeia. Tanto quanto a levantamentos topográficos, os mapas também se referem aos contextos político, histórico e social de seu tempo.
Um importante escritor argentino, chamado Jorge Luís Borges, escreveu um livro "Do Rigor da Ciência"do qual ele citava a importância da arte da cartografia na história e no nosso cotidiano:
” Naquele império, a arte da cartografia atingiu uma tal perfeição que o mapa duma só província ocupava toda uma cidade, e o mapa do império, toda uma província. Com o tempo, esses mapas desmedidos não satisfizeram e os Colégios de Cartógrafos levantaram um mapa do império que tinha o tamanho do Império e coincidia ponto por ponto com ele. Menos apegadas ao estudo da cartografia, as gerações seguintes entenderam que esse extenso mapa era inútil e não sem impiedade o entregaram às inclemências do sol e dos invernos. Nos desertos do oeste subsistem despedaçadas ruínas do mapa, habitadas por animais e por mendigos. Em todo o país não resta outra relíquia das disciplinas geográficas”. Jorge Luís Borges (Entendeu a poesia da fala dele?!?)
mapa português de navegação (sec. XVI) |
Itália e massas: tem ou não tem tudo a ver?! |
“a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte…” Ou, em termos práticos, a arte nos ajuda a enxergar a vida com outros olhos. No caso da cartografia, a arte cartográfica nos ajuda a enxergar o espaço utilizando parâmetros completamente distintos daqueles utilizados na interpretação de um mapa tecnicamente perfeito. Veja o singelo mapa da Itália acima. Não é a precisão da representação do terreno que está em causa nele. Ao analisar um mapa da Itália realizado com as mais avançadas técnicas de cartografia, enxergaremos o país ali. Localizaremos as cidades e perceberemos a variação do relevo. No mapinha acima, feito com variados tipos de macarrão, também vemos a Itália nele representado. Vemos toda uma tradição. Toda aquela parte da história de um povo que também o faz reconhecido em qualquer lugar do mundo. É um “mapa-não-mapa” que grita, denuncia, mostra sem mostrar, prende a atenção e nos faz admirar. O que se pode esperar mais de um mapa e de uma obra de arte?!
A obra acima (clique) é Fukushima Map (é de antes da catastrofe) da série cartográfica da artista Sabine Réthoré.
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Assim ele se expressa sobre seus mapas:
“Para um artista, desenhar um mapa implica a aceitação de aprisionamento dentro de parâmetros tirânicos; até o movimento de uma linha está em causa. Após vários anos passados desenhando linhas que tinham significados bem definidos sente-se um desejo incontrolável de se libertar dessa restrição. O que é uma fronteira? Uma linha. O que é um nível? Uma linha. Um caminho? Uma linha. Sou um traçador de linhas. Reproduzir “linhas da costa” ou os contornos de ilhas, tem sido para mim uma experiência extraordinária. Tenho traçado linhas que eu nunca poderia ter imaginado.” Sabine Réthoré
Na visão de Sabine: A Antártida, para se ter uma ideia, tem um mamilo… - veja no site do artista: http://www.sabine-rethore.net/engl/terrestrial%20globes/contemporaryterr.html
A artista faz, inclusive, globos artísticos interessantíssimos. O globo acima, no site da artista, é acompanhado pelo seguinte texto:
“Somos criados por mães amorosas. Pregam-nos firmemente ao solo, onde permanecemos, incapazes de tomar vôo."
"Este mundo é feito para o prazer dos olhos. Eu queria criar um objeto que daria uma idéia do que um astronauta possa sentir após uma viagem de alguns meses sem gravidade, sem sorvete de morango, sem carícias, sexo ou descendentes.”Sabine Réthoré
Estas imagens são de Elin O’hara Slavick . Faz parte de uma séries de desenho de 1998-2005, na qual faz um protesto Cartográfico dos lugares que os Estados Unidos bombardearam. Mais informações e desenhos podem ser encontrados no projeto de website . Os desenhos foram compilados em um livro bomba após bomba: A Cartografia violenta , que foi lançado pela Charta , em 2007 e contém ensaios teóricos de um antropólogo, de um historiador e de um artista”
A coleção é forte. Vale a pena conferir.
Esse abaixo é um fragmento do mapa mundi da artista Paula Scher. Nosso Fragmento: A América do Sul
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Olhem essa obra da arte pop dos anos 1960: Em que o mapa dos EUA se transformou nas mãos de Jasper Johnss!!!
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Como não poderia deixar de ser temos mais acesso à produção dos estadunidenses. Há uma série de mapas feitos só com palavras. É um desafio fazer um parecido. Aí em baixo vai um com os nomes dos estados desenhando os próprios estados. Observem que o Hawai e o ala..ska estão um tanto deslocados…
Essa obra abaixo, me lembrou a música , cantada pelo Lô Borges - “Ruas da Cidade”. Nela os artistas cantam as tribos indígenas que viviam no Brasil e que foram arrancados de suas terras (e mortos) para o avanço do “civilizado”, que para “homenageá-los” (caso aqui de Belo Horizonte) nomeou as ruas do centro da cidade com o nome delas: Rua Tamoios, Rua Aimorés, Rua Tupinambás, Rua dos Caetés, Rua Guajajaras, etc…
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A letra da música:
. Ruas da Cidade (Lô Borges e Márcio Borges)
Tupinambás Aimorés
Todos no chão
Guajajaras Tamoios Tapuias
Todos Timbiras Tupis
Todos no chão
A parede das ruas
Não devolveu
Os abismos que se rolou
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial
Passa bonde passa boiada
Passa trator, avião
Ruas e reis
Guajajaras Tamoios Tapuias
Tupinambás Aimorés
Todos no chão
A cidade plantou no coração
Tantos nomes de quem morreu
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial.
Vídeo música de Lô Borges - Ruas da Cidade
O mundo é ou não é um mar em fúria?! Belíssima obra abaixo do artista norte-americano Matthew Cusick.
No Brasil, veja abaixo: “Minas é um buraco!”. Perturbadora, forte e portadora de certa verdade:
Obra da norte americana Maya Lin - Uma visão de Minas Gerais- Brasil
Lendo, a obra da artista Maya Lin, apresenta a tradição mineradora de Minas Gerais.
Um mapa mundi bonito e que usa técnica mais simples. Tinta a base de água.
O de baixo é uma boa crítica ao consumismo e à volumosa produção de lixo. O Brasil está no mesmo caminho… A legenda dele era “arte não é apenas uma imagem bonita”. O mesmo digo para os mapas...
Interessante ler o mapa de cima e depois o de baixo.Tão parecidos e ao mesmo tempo tão diferentes! No mapa abaixo há um otimismo ausente no mapa de cima.
Leiam o texto que acompanha o mapa acima: ” A caixa de seu cereal matinal preferido pode ser rasgada e acabar em uma floresta de resíduos de papelão, mas não tenha medo - as caixas coloridas também podem sofrer um desvio artístico em um dia chuvoso. Para o Concurso de Design da Primavera da Inhabitat Greening, Chris e sua esposa Kaasman reuniram em um mapa dos Estados Unidos as caixas vazias de seus lanches matinais. Em seguida, montaram a sua obra em uma parede para que todos possam admirar. Quem diz que a geografia não pode ser divertida?”
Ingênuo e otimista, ou não?
No caso imediatamente abaixo o artista inspirador é Mondrian.
Agora o mapa dos EUA inspirado em Malevich:Agora, Braque: Inspirado no Estilo de Jackson Pollock
Inspirado no estilo de Franz Kline
Inspirado no estilo de Cy Twombly
São palavras do autor sobre os mapas acima:
“…esses mapas artísticos não devem ser levados a sério como produtos cartográficos, nem considero eles “obras de arte.” Em vez disso, eu os apresento como uma experiência em cartografia moderna. Com estes mapas, tentei questionar as noções de que algumas pessoas “não podem fazer mapas” e que os mapas devem ser “precisos” ou “ter escalas exatas.” Embora alguns desses mapas tenham projeções, sua natureza impede que qualquer métrica para ” precisão “ou” escala “. Eles são visualizações cartográficas que confiam menos em GIScience e mais sobre a arte. Tenho também esperança de que talvez esses mapas desmascararem a noção de que as pessoas não são na sua maioria artistas e cartógrafos. Não concordo com essa idéia porque eu acredito que todos nós podemos contribuir com nossas sensibilidades artísticas e cartográficas para melhorar a nossa compreensão coletiva de nosso mundo circundante.”
Para maiores detalhes, reveja a apresentação da aula, no prezi:
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