9ºs ANOS - 3º bimestre - Imagens de imagens
"Essas pinturas (...) são o campo de experiências no qual figuras são articuladas em operações que envolvem metamorfoses, repetições, contraposições ou deslocamentos em novos contextos, em função de colocar em evidência, sob novos ângulos, as questões essenciais que nos inquietam. Sobretudo aquelas que tratam das semelhanças entre seres tão diferentes." Nelson Screnci, artista plástico.
ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA
O Brasil acompanha os movimentos artísticos internacionais com uma menor
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O casal Ciccillo Matarazzo e Yolanda Penteado |
distância de tempo. Tal qual no exterior, a Arte Contemporânea começa a mostrar-se a partir da década de 50. Na década de 60 surge o Tropicalismo e sua contestação à política vigente através da arte; a década de 70 caracteriza-se pelas noções de conceito e tecnologia a serviço da arte; já na geração 80 produz-se uma arte de caráter festivo e alegre.
Em 20 de outubro de 1951, um acontecimento deu abertura a uma grande movimentação no campo artístico brasileiro, a realização da primeira Bienal de São Paulo que contou com 1.854 obras representando 23 países. Uma proposta de Ciccillo Matarazzo para a realização de uma grande mostra internacional inspirada na Bienal de Veneza.
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Piet Mondrian |
A década marca também o ressurgimento, do Abstracionismo: Geométrico e Informal. O primeiro propõe a ruptura com a arte figurativa, baseando-se no neoplasticismo de Piet Mondrian. É adotado em São Paulo pelo Grupo Ruptura, em 1952, e no Rio de Janeiro com o Grupo Frente, em 1954. O segundo, não se organiza em torno de grupos e teorias. Na verdade, seu pressuposto básico é a liberdade individual de cada artista para a expressão de sua subjetividade. Inspira-se nas idéias e experiências do pintor Wassily Kandinsky.
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Arte Experimental de Hélio Oiticica |
O Neo-concretismo foi o movimento das artes plásticas, genuinamente brasileiro, que começa em 1957, no Rio de Janeiro, alguns artistas aliam sensualidade ao Concretismo. Um expoente do movimento é o artista Hélio Oiticica.
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Art Pop - 1960 |
Os anos 60 favoreceram o declínio da abstração e o surgimento de uma produção artística que capta o consumo e a comunicação de massa, sugeridos pela influência da Arte Pop americana, além de promover opinião política e a militância por conta da repressão, da censura e pela referência do Tropicalismo.
Assistam esse vídeo que mostra o Tropicalismo no Brasil
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Wesley Duke Lee - 1972 |
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Espelho Cego - Cildo Meirelles - 1970 |
A arte da década de 70 afasta-se da política e dos problemas sociais.
É caracterizada pela emblematização da reflexão, da razão, do conceito e tecnologia.
O momento de transição para a década de 80 foi marcado pela insígnia das diretas já, pela retomada da pintura e pelas mudanças no panorama artístico.
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Leda Catunda - Camisetas - 1989 |
A arte contemporânea brasileira dos anos 90 desenvolve características da arte que está sendo feita em outros países, como, por exemplo, fazer o público participar, até mesmo interferir na obra de arte. Veja o caso
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Inhotim - Minas Gerais - Exposição permanente |
O Instituto Inhotim(http://www.inhotim.org.br/inhotim/arte-contemporanea/)abriga um complexo museológico com uma série de pavilhões e galerias com obras de arte e esculturas expostas ao ar livre. O surgimento do Inhotim no cenário das instituições culturais brasileiras tem como marca, desde o início, a missão de criar um acervo artístico e de definir estratégias museológicas que possibilitem o acesso da comunidade aos bens culturais. Nesse sentido, trata-se de aproximar o público de um relevante conjunto de obras, produzidas por artistas de diferentes partes do mundo, refletindo de forma atual sobre as questões da contemporaneidade.
Inhotim é a única instituição brasileira que exibe continuamente um acervo de excelência internacional de arte contemporânea.
Felizmente, a arte tem essa liberdade, ou melhor, a arte é essa liberdade suprema de manifestação do que se sente, se pensa e se vive.
Alguns Artistas Contemporâneos brasileiros:
ROSANA PAULINO
Parede de Memória, 1994. Rosana Paulino. Serigrafia em almofadas, 8 x 8 x 3 cm.
"Rosana Paulino levanta questões raciais, culturais, políticas, assim como memórias pessoais. Seus trabalhos expandiram-se de desenhos e gravuras para grandes instalações que proporcionam ao leitor uma visão do universo feminino, que em muitas vezes, é também, negro. A obra acima, trata-se de 850 fotografias pertencentes ao álbum familiar da artista. Estas fotografias estampadas em pequenas almofadas, trazendo pontos de crochê que as arrematam, foram dispostas lado a lado, em cima e em baixo, transformando a obra em um grande mural, intitulado pela a artista como Parede de Memórias. As imagens serigrafadas são opacas, falhas, desbotadas, a sua quantidade exacerbada sugere os anos de desgaste da família Paulino, a submissão aos postos de trabalho manual, subjugados as negras livres desde os tempos da colônia. Rosana Paulino, nasceu em 1967, no interior de São Paulo e em 1994, ganhou o prêmio da Mostra de Arte Jovem, dedicada a talentos da Universidade de São Paulo/USP, por seus trabalhos com imagens de mulheres e crianças negras."
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Obra de Rosana Paulino |
Em 1998 viaja para Londres com bolsa de estudos do governo brasileiro para especialização em gravura no London Print Studio e atualmente é doutoranda em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Foi também bolsista do Programa Bolsa da Fundação Ford nos anos de 2006 a 2008.
FARNESE DE ANDRADE
APROPRIAÇÃO E RELEITURA NAS ARTES
A apropriação artística é produto de uma escolha sobre várias referências de imagens já produzidas e, muitas vezes, já popularizadas pelos meios de comunicação de massa, como a televisão e as revistas.
O termo apropriação é empregado pela história e pela crítica de arte para indicar dois procedimentos. Primeiro, no menuseio de objetos de uso comum na produção artística, como é possível observar na instalação composta por caixa, com imagem de caçador de bronze e pato em cor branca, do artista mineiro Farnese de Andrade (VEJA ACIMA).
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O semeador - Van Gogh |
E, segundo, na inserção de elementos estruturais de uma obra em uma nova produção, como procedeu Van Gogh, que utilizou a técnica da pintura para imprimir o seu estilo e um desenho do artista francês Millet.
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O semeador- Milllet |
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Auto retratode Van Gogh com a orelha cortada |
"Vincent Van Gogh nasceu na Holanda, em 1853, e muitos aspectos de sua vida e obra puderam ser resgatados por meio da correspondência mantida entre ele e seu irmão Théo. Ele começou a desenhar e a praticar sua pintura de várias formas bem cedo. Por volta dos vinte anos, foi morar em Paris e lá tomou conhecimento da pintura impressionista. Exercitando esse estilo, desenvolveu uma técnica própria, bem próxima do Expressionismo. Como pintor admirava artistas de diversas épocas e diferentes estilos, frequentemente usava esses recursos como guia para as suas composições. Van Gogh sempre se interessou pela temática do trabalho no campo e talvez essa seja uma das principais razões para ter se apropriado, com mais frequência desse aspecto, presente nas obras de Millet. Tal procedimento em nada desabona Van Gogh, visto que ele imprimiu em suas obras um caráter todo próprio, com uso das cores e pinceladas que lhe são peculiares. Van Gogh, cujas obras atualmente alcançam valores extraordinários no mercado da arte, teve uma vida turbulenta que culminou com o seu suicídio em 1890, tendo vendido apenas um quadro em vida, para seu irmão Théo, por um preço irrisório."
Releitura nas artes
É ler novamente, é uma nova interpretação , feita com estilo próprio, mas sem fugir ao tema original.
Não podemos confundir releitura e cópia. A cópia é uma mera reprodução.
Já a releitura cria, transforma. Reinterpreta algo, reconstruindo em outro contexto um novo sentido.
Para realizarmos uma releitura, partimos da obra original, criando um novo trabalho.
Uma boa releitura irá depender de uma boa compreensão na leitura da obra,pois é preciso interpretar bem aquilo que se vê e exercitar a criatividade.
Ao recriar uma obra não é necessário empregar a mesma técnica usada pelo artista na obra original.
O mais importante é criar algo novo que tenha um elo com a fonte que serviu de inspiração.
Este recurso esta presente em todas as manifestações de Arte.
Vamos agora ver alguns exemplos baseados em obras originais nas artes plásticas:
Iniciamos com a obra mais recriada, Mona Lisa:
Jocelyne Grimaud original
Mona Lisa (1978) Botero
Romero Britto
Tanto a apropriação quanto a releitura aprofundam o debate sobre o tema tratado, mas a releitura amplia as possibilidades de leitura da obra, pois permite uma nova reflexão sobre o tema.Quando o artista produz uma obra, que faz eco com o conceito que outra sugere, está fazendo uma apropriação.
Quando produz uma obra, que permite uma nova reflexão sobre o tema, está compondo uma releitura.
IMPORTANTE:
A diferença entre apropriação e releitura é muito SUTIL.
Denomina-se APROPRIAÇÃO quando a obra original é confirmada pela nova produção. Chama-se RELEITURA quando a criação de uma obra revela uma nova maneira de ver e sentir o conteúdo da obra relida.
Diálogos nas Artes
A arte como criação humana, além de envolver valores estéticos, como a harmonia e a beleza, representa as nossas emoções, sentimentos, nossa cultura e identidade.
Há milhares de anos, o ser humano faz arte com base na sua observação atribuição de sentidos aos fatos que apreende no seu entorno.
O artista dialoga com os fenômenos do mundo circundante e a obra de arte nasce das relações entre o artista e a interface do contexto no qual está inserido.
Na pintura, alguns temas recebem nomes especiais, como natureza morta, retrato, paisagem e pintura social, como denominadas as produções cujos os temas abordam a miséria, a fome, o mundo do trabalho, o preconceito, a injustiça e a desigualdade social.
Ao longo da história da arte, vários artistas nos oferecem informações, sob o ponto de vista deles, sobre o contexto histórico e social em que se inserem e, observando obras do passado, podemos estabelecer relações com o contexto presente.
Vejamos a camiseta acima. Ela ilustra o desenho da obra "o Grito"
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O grito - Edvard Munch |
do norueguês Edvar Munch, que retrata uma pessoa apavorada, aterrorizada. Essa obra se popularizou nos anos 1990, porque suas principais características foram apropriadas e simplificadas em camisetas, botons etc., simbolizando o perigo e a morte.
" Edvard Munch nasceu em 1863, em Löten na Noruega. Esse pintor foi um dos maiores precursores do expressionismo, estilo e movimento artístico que se caracteriza pala distorção e exagero das formas com o intuito de acentuar as sensações, para causar impacto emocional no apreciador. Grande parte de sua obra, inclusive xilogravuras, podem ser admiradas no Museu de Oslo. Edvard Munch morreu em Ekely, cidade próximo a Oslo, em 1944."
Para maiores detalhes, reveja a aula expositiva:
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