Será Arte? 8ºs Anos
Traduzir-se
Uma parte de mim é todo mundo
outra parte é ninguém, fundo sem fundo
Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão
Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira
Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta
Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente
Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem
Traduzir uma parte na outra parte
Que é questão de vida e morte
Será arte?
Ferreira Gullar, poeta maranhense.
Arte - Linguagem simbólica
Arte é a linguagem que se manifesta de forma visual, sonora, corporal e verbal. Mas não são todas as produções como pintura, música, dança, teatro e textos que podem ser consideradas obras de arte. Para ser uma obra de arte, devemos levar em conta os contextos histórico e cultural do artista no momento de sua criação artística.
Atitude artística
Quando o ser humano, pela primeira vez, gravou uma imagem na parede de uma caverna, emitiu um som ou fez um gesto com intenção de transmitir desejos, saberes e emoções, certamente não estava pensando em arte, tal qual a pensamos atualmente.
Quando o sergipano Arthur Bispo do Rosário construiu, bordou e uniu elementos, atribuindo outras funções aos objetos de seu uso cotidiano, também não tinha a intenção de produzir obras de arte e sim de atender a uma motivação interior que negava ser artística.
Arthur Bispo do Rosário. fonte: google
Arthur Bispo do Rosário nasceu em 1909, em Japaratuba, no Sergipe. Nos anos 1920, ingressou como marinheiro na Escola de Aprendizes de Aracaju, da qual deu baixa em 1933, quando já estava no Rio de Janeiro. Nesse período, se destacou como boxeador e aperfeiçoou a técnica de bordados. De volta à vida civil, trabalhou como lavador de bondes, borracheiro e ajudante geral na residência de uma família tradicional carioca.
Em 1938, segundo a comunidade médica, sofreu um surto psicótico e foi internado na Colônia Juliano Moreira, o mais antigo manicômio do Rio de Janeiro. Lá ganhou respeito e a confiança dos funcionários e demais pacientes, que contribuíram na coleta e armazenamento dos objetos para as suas composições artísticas.
Nos anos 1980, o meio artístico descobriu suas obras e o convidou para participar de exposições, cujos convites ele rejeitou, assim como o rótulo de artista. "Eu faço isso obrigado. Senão não fazia nada disso. Eu escuto uma voz e é essa voz que me obriga a fazer tudo isso".
O reconhecimento e a valorização de suas produções só aconteceram após a sua morte, ocorrida em 1989 nas dependências da Colônia Juliano Moreira. É oportuno lembrar que, em 1995, Bispo do Rosário foi um dos sete representantes do Brasil na 46ª Bienal de Veneza, que teve como tema identidade e Alteridade.
"Fichários" obra de Arthur Bispo do Rosário. Fonte: Google.
Objetos na arte
É comum o desenho de objetos para composição plástica, sem que esses percam a sua função usual no conjunto.
O artista Marcel Duchamp criou a expressão ready-made para designar um tipo de produção artística que utiliza um objeto de uso cotidiano, deslocado de seu espaço e de sua função usual, apresentando-o com um novo significado.
"Fonte" - ready-made de Marcel Duchamp.
Duchamp expôs um urinol (vaso sanitário) invertido e o intitulou de "Fonte". Um ready-made torna-se uma obra de arte quando recebe um título e o olhar sensível e pensante do fruidor, dialogando com a ideia do artista. Com os seus ready-mades, causadores de escândalo quando expostos em galerias de arte, Duchamp desejava instigar o pensamento do fruidor e provocar a sua reflexão sobre a atitude artística.
O artista francês Marcel Duchamp (1887-1968) nasceu em uma família classe média, responsável pela geração de vários artistas, entre eles seu avô, famoso por suas pinturas paisagísticas de Paris. Duchamp e seus seis irmãos sempre foram incentivados pelo pai a seguirem a carreira artística, no caso do artista, fizeram parte de sua educação o jogo de xadrez, a leitura, a pintura e a música. Os primeiros trabalhos de Duchamp foram pinturas que retratavam a sua família. Porém, logo passou a elaborar desenhos, cujo objetivo não era apenas a imagem e sim o movimento gerador de ideias.
Essa era a essência da arte dadaísta, movimento surgido no início do século XX, que teve em Duchamp um dos seus idealizadores.
*Os artistas dadaístas negavam os padrões artísticos do passado e buscavam a liberdade para a ação artística, introduzindo novas maneiras de pensar a arte.
O Brasil recebeu influências do Dadaísmo e de outros movimentos artísticos de vanguarda, vindos de diferentes países, sobretudo nos anos 1960. Nessa época, a mistura das tendências dos estilos coexistentes na Europa propiciou a produção de uma nova arte brasileira.
Essa tendência pode ser observada na obra Inserções em Circuitos Ideológicos .
1. Projeto "Coca-cola", de Cildo Meireles.
Intevenção nas garrafas de Coca Cola |
Cildo Campo Meireles nasceu no Rio de Janeiro, em 1948. De espírito versátil, integrou a equipe fundadora da Unidade Experimental do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde lecionou cerca de um ano. Ali, criou cenários e figurinos para o teatro e o cinema, além de ter sido um dos diretores da revista de arte Malasartes. Além disso, realizou várias exposições individuais e participou de diversas mostras no Brasil e no exterior.
As obras de Cildo Meireles contêm diferentes técnicas, suportes e linguagens como: pintura, desenho, escultura, ambiente, happening, instalação, performance, fotografia e projetos que discorrem sobre questões sociais e políticas.
Quem matou Herzog?
Intervenção artísticas nas notas de CR$1, 00 |
Nos anos de censura, medo, e silêncio, que se seguiram à promulgação do AI-5(Artigo Institucional -5), Cildo Meireles destacou-se pelo seu trabalho em carimbo em notas de um cruzeiro: “Quem matou Herzog?”, de 1975 (Vladimir Herzog foi um mártir da ditadura militar) . Uma mensagem explícita, ainda que anônima, de sua visão da arte enquanto meio de democratização da informação e da sociedade. Motivo pelo qual costumava gravar em seus trabalhos deste período a frase: “a reprodução dessa peça é livre e aberta a toda e qualquer pessoa”, ressaltando a problemática do direito privado, do mercado e da elitização da arte.
Tiradentes
Totem-monumento ao Preso Político e Introdução a uma nova crítica
Intervençaõ artística de Cildo Meireles |
São obras que revelam um certo caráter político do artista. Datam dos anos 70 e 80, no qual Cildo Meireles arquitetou uma série de trabalhos que faziam uma severa crítica à ditadura militar. Neles a questão política sempre vem acompanhada da investigação da linguagem. (Abaixo, a obra “Introdução a uma nova crítica”, que consiste em uma tenda sob a qual se encontra uma cadeira comum forrada com pontas de prego.)
Para mais detalhes, reveja a apresentação do prezi:
https://prezi.com/uzz-lbgzore4/sera-arte-8o-anos-2a-aula
https://prezi.com/uzz-lbgzore4/sera-arte-8o-anos-2a-aula
Amo
ResponderExcluirÆřÿïĵčķĕ
ResponderExcluir